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Lançamentos de Dezembro da Autêntica

Andersen Viana - Sonata para Contrabaixo e Piano - Marcelo Cunha
O livro Andersen Viana: Sonata para Contrabaixo e Piano nos revela uma obra do moderno repertório brasileiro para contrabaixo em todos os seus detalhes formais, contextuais e interpretativos e confirma a sólida posição que o premiado compositor mineiro tem no cenário musical brasileiro. O autor do livro demonstrou uma rara capacidade de tratar tantos assuntos diferentes, integrando-os entre si com a devida profundidade, mas de modo objetivo. Ele venceu a difícil tarefa de “falar” sobre música. É claro que nenhuma palavra substituirá aquilo que a execução da obra em si poderá nos propiciar. Entretanto, esta não foi a tarefa de Marcelo Cunha neste livro. É uma tarefa dos intérpretes que mostrarão os diferentes caminhos que a obra propõe, justamente por ser um organismo vivo, cheio de relações e de possibilidades interpretativas.
Os diálogos entre o criador e o instrumentista vêm antes e depois do processo criativo propriamente dito. Antes são tratadas as questões idiomáticas, depois as questões interpretativas. Mas, na verdade, o ciclo nunca se fecha. A obra de Andersen Viana e o livro de Marcelo de Magalhães Cunha confirmam isso.

A Literatura e o Mal - Georges Bataille
Ainda que a literatura, como questão e prática, atravesse toda sua obra, é em A literatura e o mal que Georges Bataille se empenha de maneira mais explícita na busca de seu sentido – ou de seu não-sentido –, afirmando desde o princípio que ela “é o essencial ou não é nada”. E se essa essencialidade se acha vinculada ao mal é porque, sem atormentar o bem e a virtude (como acontece em Sade), ou santificar o mal por desejá-lo como bem (como se dá em Genet), a literatura se torna insípida, destituída de interesse. Para Bataille isso já está dado na infância, quando as disposições do indivíduo se mostram soberanas, na recusa de tudo aquilo que, por meio do cálculo e da razão normativa, pretende regular o desejo e o dispêndio. Assim, a literatura deve confessar sua culpa, já que é “a infância reencontrada”. Há dois fins primordiais que a humanidade persegue, a rigor inconciliáveis: o primeiro, ligado à ideia do bem e da moral, é a conservação da vida a todo custo; o segundo, que Bataille associa ao mal e a uma hipermoral, é o aumento de sua intensidade: “a aprovação da vida até na morte”. Perseverando em favor do segundo, a literatura se realiza como atividade inoperante no extremo do possível e do perigo, levando, não raras vezes, personagens e escritores à ruína. Neste livro magistral, Bataille analisa, ou, antes, potencializa as obras de oito autores que de um modo ou de outro são atravessadas pelo mal, para dar a ver em cores vivas a radicalidade de seu próprio pensamento.

O Formigueiro - Ferreira Gullar
O poeta explica que concebeu este livro-poema em 1955. Como decorrência de seu embate com as palavras, depois de A luta corporal (1954). Quem acompanha a produção de Gullar (1930), sabe que ele parte de uma linguagem convencional para a dissolução do discurso, que o levou a um beco sem saída em sua obra poética. Gullar explica: “A luta contra a sintaxe tinha sido o problema central de A luta corporal e O formigueiro era apenas uma maneira de enfrentá-lo”. O livro-poema, composto artesanalmente em letra set, só aparece em 1991 e, desde então, está fora de catálogo, tornando-se obra de colecionador. Esta edição vem colocar luz sobre este período importante em sua trajetória e permitirá ao leitor conhecer e refletir, quase 25 anos depois, os caminhos traçados por Gullar. Assim, vai entender por que ele é um dos mais talentosos e corajosos intelectuais do país. Considerado hoje, por unanimidade, o maior poeta brasileiro em atividade.

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