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Lançamentos de Novembro da Autêntica

Arte, Literatura e os Artistas - Sigmund Freud
O que a Psicanálise tem a dizer sobre a arte, a literatura e os artistas? Ou, por outro lado: em que medida o que aprendemos com a arte, com a literatura e com os artistas pode nos abrir caminhos na clínica psicanalítica? Que aproximações podemos fazer entre o trabalho do artista e o do psicanalista? Em que eles se distanciam? Tem a arte o poder de atenuar o sofrimento psíquico? Possui o artista uma melhor disposição para sublimar?
Os textos reunidos nesta coletânea constituem a quase totalidade das incursões de Freud nesses domínios e contêm os principais elementos para responder a essas indagações. Mas qual o estatuto dessas incursões? É como leigo que o criador da Psicanálise investiga os processos criativos do poeta ou enfrenta o problema clássico do estatuto da “catarse”? É por puro diletantismo que ele aborda uma lembrança de infância de Leonardo da Vinci ou uma de Goethe? O que dizer da cuidadosa leitura do mármore, atenta aos detalhes quase imperceptíveis do Moisés de Michelangelo e dos paradoxos da sublimação nele implicados? Por que razões Freud recorre a Shakespeare quando se trata de abordar as metamorfoses do desejo e as modificações da imagem da mãe ao longo da vida, ou a Dostoiévski quando aborda os mecanismos de atenuação e ocultamento do desejo de morte do pai? O que as diferenças entre o chiste, o cômico e o humor nos ensinam sobre o Supereu? Completam a coletânea um dos mais belos textos de Freud, que narra um passeio em companhia do poeta Rainer Maria Rilke e de Lou Andreas-Salomé e, ainda, o discurso proferido quando recebeu o Prêmio Goethe.

Teoria da Religião - Georges Bataille
Teoria da religião, de Georges Bataille (escrito em 1948, mas publicado postumamente), é um livro inclassificável. É ao mesmo tempo um livro de antropologia, de economia, de sociologia, de história da religião (no singular). A religião é compreendida aqui em um movimento geral que abrange a totalidade da história da vida social. O cristianismo – a religião moral, humanizada, capitalista, a “religião nos limites da razão” – é remetido a um plano etnográfico, que tem na vida animal, no que Bataille chama de intimidade ou imanência, o seu grau zero ou a sua ontologia. É nas “sociedades primitivas” que Bataille encontra o sagrado, que o surgimento do mundo do trabalho virá interromper, introduzindo uma separação no interior da intimidade animal. Esta só vislumbrada de novo na operação suntuária do potlatch, no sacrifício – do animal, do homem, do Deus.
Como e por que ler este texto no século XXI no Brasil? A leitura que se fará dele hoje é substancialmente diferente da que foi feita pelos seus contemporâneos franceses, que ouviram a conferência “Esquema de uma história das religiões”, que serviu de base ao livro, também publicada neste volume. Teoria da religião permanece uma das tentativas mais profundas de pensar uma alternativa ao modelo econômico do mercado, do valor de troca, da produção. Há neste livro uma reflexão energética, uma referência provocadora aos animais, e às religiões totêmicas, e um lugar reservado ao islamismo extremamente atuais. Teoria da religião continua um livro profundamente enigmático. Leiamos ou releiamos Bataille.

A Alma e as Formas - Georg Lukács
Os escritos que compõem A alma e as formas não apenas asseguraram ao jovem Lukács – junto a autores do porte de Karl Kraus e Rudolf Kassner, Walter Benjamin e Ernst Bloch, Siegfried Kracauer e Theodor Adorno – um lugar proeminente numa época de florescimento único da forma ensaística na Europa Central, como também representam uma das mais originais e provocadoras contribuições teóricas do começo do século XX. Expressão de uma crise pessoal e, ao mesmo tempo, de um empenho em decifrar um ponto de inflexão na história da cultura moderna, A alma e as formas exerceu influência sobre o Thomas Mann de Morte em Veneza, o Benjamin de Origem do drama trágico alemão e o Bloch de O espírito da utopia. Estilisticamente brilhantes, os ensaios lukácsianos também chamam a atenção pelas questões levantadas em torno da teoria dos gêneros literários, tal como evidenciam as reflexões sobre a tragédia, a novela e a própria forma do ensaio. Opondo-se tanto à estreiteza de perspectivas do positivismo como à trivialidade da crítica impressionista, o jovem Lukács desenvolve aqui uma perspectiva teórica sutil e radical. Ninguém conseguiu a um só tempo compreender e encarnar tão profundamente a essência do ensaio quanto o autor de A alma e as formas.

Se Parmênides - Barbara Cassin
A publicação de Se Parmênides na França, em 1980, significou um marco, não só para os estudos sobre a filosofia grega antiga em geral e para a sofística em particular, mas também para a própria filosofia tout court. Iniciava-se ali a obra não apenas de uma grande helenista, mas também de uma das filósofas mais importantes das últimas décadas do século XX.
Os efeitos de Se Parmênides foram múltiplos. Como um trabalho realizado numa certa interseção entre filologia e filosofia, o livro permitiu desnudar os processos interpretativos em jogo na edição de um texto antigo (a discussão com Diels, nesse sentido, é fundamental), assim como os pressupostos vigentes e atuantes na interpretação filosófica de um tratado como o De Melisso Xenophane Gorgia – uma obra que chegou até nós junto com o corpus aristotélico, mas cuja obscuridade impediu que se tivesse dela uma compreensão satisfatória, seja sobre seu autor, seja sobre os autores dos quais ela trata. Um verdadeiro objeto não identificado da antiguidade, o tratado teve uma sobrevida, talvez, pelo fato de ter sido uma das duas únicas fontes (a outra é Sexto Empírico) do mais importante texto que chegou até nós da sofística grega, o Tratado do não-ser de Górgias.
Se Parmênides é, nesse sentido, não só uma novíssima e revolucionária interpretação de Górgias, da sofística e da filosofia grega em geral, da doxografia e da relação entre filologia e filosofia, mas, sobretudo, da própria relação da filosofia com a linguagem.

Passageiro Clandestino - Leonor Xavier
Nessa viagem que a autora realiza para dentro de si mesma, a partir do momento em que percebe ter sido invadida por um corpo estranho, o que mais impressiona, além do infausto episódio que deu origem ao livro, é a qualidade da linguagem com que narra a experiência vivida. Leonor Xavier mostra como é possível fazer de um “sombrio assunto” motivo de fruição estética para o leitor. E é aí que sua narrativa deixa de ser um registro factual, um relato jornalístico, para ser literatura. Quem já passou por isso, como eu, sabe como é difícil expressar as nuances e variações desse turbilhão de sentimentos despertados por uma situação-limite em que é inevitável a perspectiva da morte. Como recomendava João Cabral de Melo Neto, ele mesmo o melhor exemplo do que aconselhava (“Sem perfumar sua flor/ Sem poetizar seu poema”), Leonor não dramatiza seu drama. O câncer abala, desestabiliza, mas não consegue tirar dela o otimismo, a esperança nem o bom humor, usado na medida certa. Nem quando recebeu por telefone o “veredito”, em meio a um almoço com amigos, “não calei nem disfarcei, nem apaguei a notícia”. Apenas disse em voz baixa para alguém a seu lado: “Estou com um câncer”. Esse é o estilo de Leonor, que abre mão das hipérboles, das exclamações e dos espantos retóricos. Em suma, Passageiro clandestino é o livro sobre um mal, mas que faz bem a quem o lê. Espero que tenha acontecido o mesmo a quem o escreveu com tanto talento e sensibilidade.

Caixa Hospício é Deus e O Sofredor do Ver - Maura Lopes Cançado
Esgotados há anos, o diário Hospício é Deus (1965) e a coletânea de contos O sofredor do ver (1968), de Maura Lopes Cançado, são relançados pela Autêntica em edição especial, reunidos em uma caixa e acrescidos de um perfil biográfico, escrito pelo jornalista Maurício Meireles. Maura, que ambicionava ser a maior escritora da língua portuguesa e que já na adolescência pilotava aviões, saiu do interior de Minas Gerais para Belo Horizonte e, na década de 1950, mudando-se para o Rio de Janeiro, passou a conviver com poetas, artistas e intelectuais, sobretudo do mundo literário. Aclamada como grande revelação da literatura brasileira em seu tempo, sua obra é fortemente marcada por sua experiência como paciente de hospitais psiquiátricos em Minas e no Rio de Janeiro. Entre romances, escândalos e diversas internações, Maura Lopes Cançado publicou, na década de 1960, seus dois livros, que a tornariam uma das autoras mais comentadas da época. Internada – por vontade própria – inúmeras vezes ao longo da vida, Maura encontrou nas palavras uma maneira de se relacionar com sua doença e sua condição de paciente psiquiátrica.

O Mundo Pode ser Melhor - Marco Antônio Lage
No livro O mundo pode ser melhor, Marco Antonio Lage, diretor de Comunicação Corporativa da Fiat Chrysler para a América Latina, conta a história do projeto Árvore da Vida, programa de responsabilidade social que o grupo desenvolve desde 2004 na comunidade Jardim Teresópolis, de 30 mil habitantes, na cidade de Betim, próxima à fábrica da empresa. Tendo como público alvo as crianças e adolescentes, o projeto tem foco em educação, geração de trabalho e renda, incentivo ao empreendedorismo e fortalecimento da comunidade. Os resultados são notáveis, das estatísticas escolares à inserção no mercado de trabalho, do crescimento da renda média das famílias à redução dos índices de violência e criminalidade. Com depoimentos emocionantes de dezenas de personagens, o texto narra as dificuldades de implantação, as ações desenvolvidas e as conquistas que tornam o projeto Árvore da Vida uma referência em projeto empresarial de inclusão social.

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