Sinopse:
Eram meados de 1776 em São
João Del Rei, Minas Gerais, quando o novo ouvidor da comarca chegou à cidade
vindo de Portugal. As solteiras compareceram ao sarau preparado para
recepcioná-lo, e estavam todas muito entusiasmadas com o bom partido para
casar, mas não Bárbara Eliodora, justamente a moça pela qual o jovem
magistrado José Inácio de Alvarenga Peixoto encantou-se. Ela estava mais
interessada em escrever seus poemas e em pensar sobre suas ideias um tanto
avançadas para a época. Aos poucos, porém, o convívio fez brotar uma intensa
paixão, e o casal descobriu ter muito mais em comum do que imaginava. Ambos
poetas (ela, a primeira mulher do país), iniciaram juntos uma vida pautada em
amor e sonhos de um país livre e justo, que culminou com a Inconfidência
Mineira. Deixaram um legado de sangue e lutas, mas também de ideais, versos e
heroísmo, que marca até hoje a história do Brasil.
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Conhecemos sua personalidade
única, boêmia e poética, sempre pronto para se divertir ao mesmo tempo em que
não hesitaria em trocar socos por sua honra. Um homem de sua época, bem
nascido e rico. Sua história, desde o ingresso na faculdade de Coimbra até o
regresso ao Brasil para assumir o cargo de ouvidor é retratada no livro,
principalmente na primeira de 4 partes sob o qual é escrito.
Na segunda e terceira parte
vamos acompanhar o amor arrebatador que acometeu José de Alvarenga e iremos
conhecer sua esposa, D. Bárbara Eliodora, uma moça a frente de sua época e a
única que foi capaz de fisgar de vez o coronel. São vários capítulos de muito
romance e poesia, enquanto pouco a pouco, a revolta começa a ser estabelecida
em todo o estado de Minas Gerais, se espalhando entre os quatro cantos do
Brasil. De forma bastante fluida acompanhamos as duas histórias se
desenrolando, a do jovem casal e a do país.
A quarta parte se aprofunda
mais e mais no episodio que seria conhecida depois como Inconfidência
Mineira, com bastante fidelidade histórica e um bom aprofundamento de todos
os principais personagens deste que seria o começo do fim da escravidão
brasileira com relação a metrópole portuguesa. Figuras ilustres como a Rainha Maria I, O
Marques de Pombal, Tiradentes e Aleijadinho estão lá, personagens de uma
história pouco contada sobre heróis e vilões pouco conhecidos de nossa
pátria, retratando fatos que moldaram o país e que o atrasaram em quase um
século seu desenvolvimento, mas que continua sendo somente uma história
vagamente lembrada nas escolas por ai, exceto por livros como esse, que são
muito mais do que um romance, são uma homenagem a nossa gente e a nossa
história.
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Adorei o tema que fala sobre
a Inconfidência e também a forma como a autora retratou o casal protagonista
do livro. A ênfase dada aos poemas é outro ponto positivo da obra e a meu ver
o toque especial do texto, além é claro da escrita em um português um pouco
mais autentico que é deliciosa. Sem contar ainda as descrições de lugares que
não existem mais ou que permanecem no seio de grandes cidades, imponentes,
repletos de história e importância.
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Não gostei de Tiradentes, ou
melhor, do pouco que ele aparece na história. Jovens de todo o país sabem
mais quem ele é do que sobre o movimento que ele liderou e mesmo assim ele
quase não é retratado no livro. Também fala-se pouco sobre a relação Brasil
Portugal e sobre a soberana Maria I, governante na época.
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Trechinhos:
“A verdade é que, terminado
o romance com Inácio, Anna Zamperini não hesitou em correr para os braços do
filho do Marquês de Pombal, o conde de Oieras. Completamente apaixonado, o
conde gastou com ela o que tinha e o que não tinha. Temendo pelo futuro do
filho e do seu próprio, o autoritário marques acabou por expulsar a Zamperini
de Portugal. E lá se foi a italiana, deixando para trás um rastro de corações
destroçados.”
“Em completo desespero,
dizia-se D. José ter perguntado ao experiente funcionário: ‘E agora, o que
podemos fazer Senhor Secretário?’. – O Marques de Pombal respondeu,
calmamente e sem titubear: ‘Agora, Majestade, vamos enterrar os mortos e
cuidar dos vivos’.
“- Ora, Maria Alice,
poupe-me – respondeu Bárbara, ríspida. – Eu tenho lá alguma coisa a ver por
quem ele se interessou ou não? Ele que corteje quem ele quiser, afinal, vou
me casar, se Deu quiser, muito em breve! Se ele pensa que vai me impressionar
com esses bilhetinhos está muito enganado. Eu é que não vou cair na lábia
dele. Ele deve agora estar rindo da minha cara!”
“- Senhorita Bárbara –
disse, simulando formalidade, com ar brincalhão – Por ora, saber que poderei
desfrutar de algum mínimo momento que seja de tua companhia, ainda que apenas
pelos laços de amizade, já me faz o homem mais venturoso da terra.”
“Inácio, assentiu com a
cabeça, sem tirar os olhos daquelas folhas. O padre acrescentou:
- Creio que tu já ouviste
falar na Maçonaria. . .
- Que estudante brasileiro
em Coimbra não ouviu, meu caro? – respondeu ironicamente Inácio, sentando-se
para ler o documento com mais calma.”
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Conclusão:
O romance é delicioso de
acompanhar e valeu cada página, cada poema, cada personagem e cada lugar que
visitei através da escrita de Mônica Sifuentes. Visitar o Minas Gerais
inconfidente foi uma das melhores viagens literárias que fiz esse ano e
conhecer os personagens desse pedaço de nossa história me ajudou a lembrar do
que é feito nosso país e do que pode ser capaz a nossa gente. Torço para que
a autora encontre tempo no eu trabalho como desembargadora do TRF e continue escrevendo e nos presenteando com
mais histórias deliciosas como essa.
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Autora: Monica Sifuentes
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Livro: Um Poema par Bárbara
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Editora: Gutenberg
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Ano: 2015
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Páginas: 432
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