Bem pouco conhecida por aqui porém aclamada em todo o mundo, a literatura desse enorme país que só lembramos na hora de buscar um local barato para esquiar é detentora de dois prêmios Nobel de Literatura e um bom punhado de outros prêmios e reconhecimento internacional.
Tendo como principal e mais famosa figura o escritor e poeta Pablo Neruda, o Chile é uma fábrica de grandes autores e produz obras aclamadas pela critica e pelos leitores em geral. Separamos aqui apenas 5 escritores, porém há muito mais para se conhecer sobre a literatura chilena mas ai deixo a cargo de vocês pesquisar e se encantar com este outro país latino que não é nosso vizinho, porém é muito parecido em cultura e história.
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Foi um escritor e poeta chileno do século passado e
ganhador do prêmio Nobel de literatura de 1971. Ademais, foi um destacado
ativista político, senador, membro do Comitê Central do Partido Comunista do
Chile, pré-candidato a presidência de seu país e embaixador na França. Entre
seus muitos reconhecimentos, destacam-se o Premio Nobel de Literatura em 1971 e
um Doutorado Honoris Causa pela Universidade de Oxford. É considerado entre os
melhores e mais influentes artistas de seu século, "O maior poeta do
século XX em qualquer idioma", segundo Gabriel García Márquez.
O autor escreveu diversas obras, porém tem como favorita
do público a coletânea 20 poemas de amor e uma canção desesperada, lançada em
comemoração de seu centenário.
Faleceu em 23 de Setembro de 1973, de câncer de próstata
logo após o golpe militar que ocorreu no Chile no dia 11 de Setembro.
Poema
20 – 20 Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada
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Puedo escribir los
versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo:
"La noche está estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo
lejos".
El viento de la noche
gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los
versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces
ella también me quiso.
En las noches como ésta
la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces
bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces
yo también la quería.
Cómo no haber amado sus
grandes ojos fijos.
Puedo escribir los
versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo.
Sentir que la he perdido.
Oir la noche inmensa,
más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma
como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor
no pudiera guardarla.
La noche está estrellada
y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos
alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta
con haberla perdido.
Como para acercarla mi
mirada la busca.
Mi corazón la busca, y
ella no está conmigo.
La misma noche que hace
blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de
entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es
cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento
para tocar su oído. De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro.
Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es
cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y
es tan largo el olvido.
Porque en noches como
ésta la tuve entre mis brazos, mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el
último dolor que ella me causa, y éstos sean los últimos versos que yo le
escribo.
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Posso escrever os versos
mais tristes esta noite.
Escrever por exemplo: A
noite está estrelada e tiritam, azuis, os astros à distância.
Gira o vento da noite
pelo céu e canta.
Posso escrever os versos
mais tristes esta noite.
Eu a quis e por vezes
ela também me quis.
Em noites como esta,
apertei-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes
sob o céu infinito.
Ela me quis e as vezes
eu também a queria.
Como não ter amado seus
grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos
mais lindos esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir
que já a perdi.
Ouvir a noite imensa,
mais ainda sem ela.
E cai o verso na alma
como orvalho no trigo.
Que importa se não pode
o meu amor guardá-la?
A noite está estrelada e
ela não está comigo.
Isso é tudo. A distância
alguém canta. A distância.
Minha alma se exaspera
por havê-la perdido.
Para tê-la mais perto
meu olhar a procura.
Meu coração procura-a,
ela não está comigo.
A mesma noite faz
brancas as mesmas árvores.
Já não somos os mesmos
que antes havíamos sido.
Já não a quero, é certo,
porém como eu a quis.
A minha voz buscava o
vento para lhe tocar o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes de meus
beijos.
Sua voz, seu corpo claro.
Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é certo,
porém talvez eu a queira.
É tão curto o amor, tão demorado o esquecimento.
Porque em noites como
esta eu a tive em meus braços, minha alma se exaspera por havê-la perdido.
Mesmo que seja a última
esta dor que ela me causa , e estes versos os últimos que eu lhe tenha
escrito.
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Apesar de ser conhecida por seu pseudônimo, a autora na
verdade se chamava Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy e foi além de
escritora, diplomata e feminista ativa.
Ela foi a primeira e única mulher latina a ganhar o
prêmio Nobel de Literatura em 1945 “por sua poesia lírica que, inspirada por
poderosas emoções, fez com que seu nome se tornasse um símbolo de aspirações
idealistas em toda a América Latina. Alguns dos temas centrais de seus poemas
são natureza, traição, amor, amor materno, arrependimento e superação, viagens
e a identidade dos latino-americanos formada pela mistura de nativos e
europeus. Tem ainda um retrato seu na nota de 5 mil pesos chilenos.
Faleceu em 10 de
Janeiro de 1957 de câncer no pâncreas em Hempstead, Nova York, e posteriormente
foi enterrada no Chile.
Desolación
– Dolor
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El Amor que
Calla
Si yo te odiara, mi odio te daría
en las palabras, rotundo y seguro;
pero te amo y mi amor no se confía
a este hablar de los hombres, tan oscuros.
Tú lo quisieras vuelto un alarido,
y viene de tan hondo que ha deshecho
su quemante raudal, desfallecido,
antes de la garganta, antes del pecho.
Estoy lo mismo que estanque colmando
y te parezco un surtido inerte.
Todo por mi callar atribulado
que es más atroz que el entrar en la muerte!
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O Amor que Cala
Se eu te odiasse, meu ódio te daria
nas palavras, redundantes e seguras;
porém te amo e meu amor não se confia
a este falar dos homens, tão obscuro.
Você gostaria de se tornar um grito,
que vem tão profundo que se desfaz
sua torrente queima, fraca
antes da garganta, antes do peito
Estou como uma lagoa cheia
e pareço de uma variedade inerte
qudo pelo meu calar atribulado
que é mais devastador que o entrar da morte!
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Nascida em 2 de Agosto de 1942, a escritora chilena é um
sucesso mundial de vendas e pertence a uma geração de grandes escritores que
podemos chamar de mais nova. Um equivalente nosso seria Paulo Coelho
principalmente no gênero de escrita Magic Realism.
Seus livros mais famosos são La Casas de los Espíritus e
La Ciudad de Las Bestias. Allende tem sido considerada a escritora de língua
espanhola mais lida em todo o mundo e coleciona prêmios, inclusive um entregue
em mãos pelo presidente americano Barack Obama, o Presidential Medal of
Freedom.
A autora tem mais de 18 romances publicados fora alguns
contos e peças de teatro, todos eles com tradução para o português.
A
Casa dos Espíritos – Trecho do Livro
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"Todos os que viveram
aquele momento, dizem que era por volta das oito da noite, quando apareceu
Férula, sem que nada fizesse prever a sua chegada. Todos puderam vê-la com a
blusa engomada, o molho de chaves à cintura e o coque de solteirona, tal como
a tinham visto sempre em casa. Entrou pela porta da sala de jantar no momento
em que Esteban estava trinchando o assado e reconheceram-na imediatamente,
apesar de não a verem fazia seis anos e estar muito pálida e muito mais
velha. Era um sábado e os gêmeos, Jaime e Nicolás, tinham saído do internato
para passar o fim de semana com a família, de modo que também estavam ali. O
seu testemunho é muito importante, porque eram os únicos membros da família
que viviam afastados por completo da mesa de pé-de-galo, preservados da magia
e do espiritismo pelo rígido colégio inglês. Primeiramente, sentiram um frio
súbito na sala de jantar e Clara mandou fechar as janelas, porque pensou que
era uma corrente de ar. Logo a seguir ouviram o tilintar das chaves e quase
em seguida abriu-se a porta e apareceu Férula, silenciosa e com uma expressão
distante, ao mesmo tempo que a Ama entrava pela porta da cozinha, com a
travessa da salada. Esteban Trueba ficou com a faca e o garfo de trinchar no
ar, paralisado pela surpresa e os três meninos gritaram, tia Férula! quase em
uníssono. Blanca levantou-se para ir ao seu encontro, mas Clara, que se
sentava ao seu lado, estendeu a mão e segurou-a por um braço. Na realidade,
Clara foi a única que percebeu, ao primeiro olhar, do que estava passando
devido à sua grande familiaridade com os assuntos sobrenaturais, apesar de
que nada no aspecto da cunhada denunciasse o seu verdadeiro estado."
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Matemático, físico e como não poderia deixar de ser,
poeta. Considerado um dos poetas mais influentes do Chile e da América Latina.
Alguns ainda o consideram um dos mais importantes escritores de poesia em língua
e literatura espanhola.
Parra é considerado o criador do estilo chamado
anti-poesia, estilo poético que utiliza elementos da linguagem comum modificados
de forma extrema com o intuito de atrair e prender o leitor.
Em Dezembro de 2011 se tornou o terceiro chileno a
conquistar o prêmio Cervantes, considerado o Oscar da literatura de língua
espanhola.
Epitafio
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De estatura mediana,
Con una voz ni delgada ni gruesa,
Hijo mayor de profesor primario
Y de una modista de trastienda;
Flaco de nacimiento
Aunque devoto de la buena mesa;
De mejillas escuálidas
Y de más bien abundantes orejas;
Con un rostro cuadrado
En que los ojos se abren apenas
Y una nariz de boxeador mulato
Baja a la boca de ídolo azteca
-Todo esto bañado
Por una luz entre irónica y pérfida-
Ni muy listo ni tonto de remate
Fui lo que fui: una mezcla
De vinagre y aceite de comer
¡Un embutido de ángel y bestia!
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De estatura mediana,
Com uma voz nem fina nem grossa,
Filho mais velho de um professor primário
E de uma costureira de quintal;
Fraco de nascimento
Ainda que amante de uma boa mesa;
Com bochechas esquálidas
E de orelhas bem abundantes;
Com um rosto quadrado
Em que apenas se abrem os olhos
E um nariz de boxeador mulato
Abaixo uma boca de ídolo azteca
- Tudo isso banhado
Por uma luz entre irônica e pérfida
Nem inteligente nem um completo tonto
Fui o que fui: Uma mescla
De vinagre e azeite
Uma salsicha de Anjo e Besta!
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Não o confunda com o simpático ator mexicano que criou e
mitificou o personagem Chaves. Este aqui é um famoso novelista e poeta chileno
com mais de 20 livros publicados. Nasceu em 20 de Abril de 1953 e se consagrou
principalmente pelo livro Os Detetives Selvagens que lhe rendeu o prêmio Rómulo
Gallegos. Ele descreveu essa obra como uma carta de amor à sua geração. Também
foi considerado o mais importante autor latino-americano de sua geração.
Apesar de no fundo se considerar poeta, na estirpe de seu
amado Nicanor Parra, sua reputação reside nos seus romances, novelas e coleções
de contos. Bolaño adotou um estilo de vida de poeta boêmio por toda sua vida
adulta, e só foi começar a produzir trabalhos substanciais em prosa nos anos 90.
Quase que imediatamente ele foi estimado como uma figura relevante na
literatura espanhola e latino-americana.
Morreu em 2003 por falência dos Rins e nunca teve as
causas reveladas, apesar de boatos de hepatite ou abuso do uso de drogas.
Trechos
de Os Detetives Selvagens
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"As pessoas que se sentavam à minha mesa eram
pescadores, profissionais e amadores, e muitos jovens como eu, garotos da
cidade, fauna de verão, estacionados em Port-Vendres até segunda ordem. Certa
noite uma garota chamada Marguerite, com quem eu desejava ir para a cama,
começou a ler um poema de Robert Desnos. Eu não tinha a mínima ideia de quem
era Robert Desnos, mas as outras pessoas da mesa sabiam, de qualquer forma, o
poema era bom, era tocante. Estávamos sentados em uma mesa do lado de fora e
as luzes brilhavam nas casas da cidade, mas não havia nem mesmo um gato nas
ruas e tudo o que conseguíamos ouvir era o som de nossas vozes e um carro
distante na estrada da estação, estávamos sozinhos, ou pensávamos que
estávamos, não tínhamos visto (ou ao menos eu não tinha) o sujeito sentado na
mesa mais afastada. Depois que Marguerite terminou de ler o poema de Desnos
para nós - naquele momento de silêncio depois que você ouve algo realmente
bonito, o tipo de momento que pode durar um segundo ou dois, ou sua vida
inteira, porque há sempre algo para
cada pessoa neste mundo cruel - o sujeito do outro lado do café se levantou e
se aproximou, ele pediu que Marguerite lesse outro poema. Em seguida
perguntou se podia se juntar a nós, claro, respondemos, por que não? Ele foi
buscar o café na mesa e emergiu da escuridão (porque Raul está sempre
economizando eletricidade) e sentou-se conosco. Ele começou a beber vinho
como nós, pagando algumas rodadas, embora não parecessse ter dinheiro, mas
estávamos todos quebrados, que podíamos fazer? Deixamos que ele
pagasse."
"Um dia perguntei onde ele esteve. Ele me disse
que viajou ao longo de um rio que liga o México à América Central. Até onde
eu saiba, esse rio não existe. Mas ele me disse que viajou ao longo desse rio
e que agora podia dizer que conhecia suas voltas e afluentes. Um rio de
árvores ou um rio de areia, ou um rio de árvores que se transformava em um rio
de areia em alguns trechos. Um fluxo constante de pessoas sem trabalho,
pobres e famintos, drogas e sofrimento. Um rio de nuvens que ele navegou por
doze meses, onde encontrou inúmeras ilhas e postos de fronteira, embora nem
todas as ilhas fossem habitadas, de
vez em quando ele pensava em ficar e viver em uma delas para sempre ou que
ele poderia morrer ali.
De todas aquelas ilhas visitadas, duas se destacavam. A
ilha do passado, disse ele, onde o único tempo era o tempo passado e os
habitantes estavam entediados e mais ou menos felizes, mas onde o peso das
ilusões era tão grande que a cada dia a ilha afundava um pouco mais no rio. E
a ilha do futuro, onde o único tempo era o futuro e os habitantes eram
planejadores e batalhadores, batalhadores, disse Ulisses, que acabariam por
se devorar uns aos outros."
Fonte: (http://goo.gl/drn7Ah)
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