Dragões
de Éter – Caçadores de Bruxas
Sinopse:
Nova Ether é um mundo protegido por poderosos
avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos
seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim
nasce a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm
fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os
heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de
Bruxas. Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia,
satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a
acontecer... Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com
magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas
silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia
escura de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do
mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares
com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em
guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes
mistérios da família real. E mudará o mundo.
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Meu primeiro contato com o trabalho de Raphael
Draccon foi com o livro Fios de Prata e foi o suficiente para me interessar.
Apesar de não considerar um livro algo fora do normal, achei bom o suficiente
para finalmente dar uma chance aquela trilogia de nome vistoso e lindas capas
que viviam em promoção no submarino tentando o meu auto-controle para não
comprar mais livros e vou admitir para vocês, fiquei com orgulho de ver uma
obra tão boa escrita em minha linha materna, com os trejeitos que conheço, as
figuras de linguagem que conheço e o jeitinho artístico brasileiro que está
quase extinto. Paulo Coelho, concordo contigo, Raphael Draccon deveria estar
na Alemanha naquele ano, ao menos pelo excelente trabalho em Dragões de Éter –
Caçadores de Bruxas, afinal não li a trilogia toda e ele ainda pode cair no
meu conceito, apesar que acho difícil isso acontecer.
O livro é, tecnicamente, uma releitura de
diversos contos de fadas famosos, como chapeuzinho vermelho, João e Maria, Branca
de Neve (chega de spoiler! A graça é você descobrir as adaptações por si só).
Mas a história vai muito além disso. Com maestria e excesso de talento, o
autor entra em uma narrativa onde incorpora um bardo narrando os fatos que
ocorrem no mundo de Nova Éther, onde todos os seres fantásticos imaginados
até hoje coexistem e vivem graças a vontade dos semi-deuses. Pode parecer um
enredo normal de fantasia e você está certo em pensar assim. Mas o que faz a
diferença aqui foi a criatividade do
autor ao adaptar o qu já foi feito naquilo que ele estava criando, mesclando
gêneros e quebrando paradigmas com uma escrita envolvente e impossível de
largar. Dragões de Éter é, como o próprio Draccon definiu, uma história onde
em alguns momentos ‘tem a seriedade sóbria de um Senhor dos Anéis; em outros,
a leveza sombria de um Caverna dos Dragões; em outros, a poesia de um Final
Fantasy; em outros, a metalinguagem de um A História Sem Fim. Nova Éther é
diferente. E ela é o que é. E talvez por isso tenha dado tão certo.’
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A história começa contando o ataque de um lobo a
uma senhora e sua netinha que havia acabado de chegar pra uma visita. Logo
depois pula para um casal de irmãos que são atraídos a uma casa feita de
doces e têm de lutar pra sobreviver e escapar com vida. Tudo isso alguns anos
após a grande caçada ter inicio, evento do qual milhares de bruxas, negras ou
brancas, foram exterminadas pelos soldados do reino liderados por um pebleu
que cansou de tanta maldade.
Desde então, Arzallum vive um momento de paz
inigualável onde todo o reino é feliz e todos os cidadãos estão contentes,
afinal a desigualdade é quase inexistente quando comparada a outros reinos
mundo afora.
Mas esse cenário muda e todo o reino é mergulhado
no caos quando um grupo de piratas ataca a capital em conjunto com um grupo
organizado de criminosos que viviam no submundo. Sem saber o porque dos
ataques nem como se defender, o Rei começa a perder o controle da situação,
ainda mais agora que seus dois filhos não estavam presentes e poderiam nem
mesmo retornar com vida.
Enquanto o Rei bate cabeça tentando encontrar uma
solução que nunca vem, a situação só piora com os piratas tomando o controle
da cidade pouco a pouco. Mas o que parecia somente um ataque em busca de
lucros, era na verdade, um complô para liberar algo muito pior do que
bandidos sanguinários, algo que faria o reino todo tremer só de imaginar.
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O que mais gostei no livro foi a forma que o
autor encontrou para contar a história. Ao se colocar no lugar de um bardo,
ele resgatou um estilo meio esquecido ultimamente, mas que já fez muito
sucesso em vários Best-sellers do passado. A narrativa flui de forma coerente e
empolgante enquanto o autor interage de forma inteligente com o leitor,
transportando muitos para o mundo da imaginação que ficou no passado de nossa
infância, mas que adoramos perceber ainda acessível.
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Senti falta de alguns personagens. Acho que foi
isso que menos gostei. Como é uma releitura, fiquei esperando outros ‘famosos’
aparecerem por ali. Além disso não gostei da participação do senhor que os
faz viajar no ‘espaço tempo’. Mas necessariamente acho que ficou forçada a
presença dele e principalmente da ‘espécie’ dele(mais detalhes leia o livro),
apesar de saber que ele tem todo direito de estar lá, afinal é um mundo
etéreo.
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Raphael Draccon
Trechinhos:
“E então as bruxas desafiaram as fadas. E os
homens desafiaram as bruxas. Foi assim que nasceram as caçadas. E foi assim
que nasceram os caçadores.”
“...poetas costumam chamar os países ou regiões
de plaga. Por esse ponto de vista, podemos afirmar que Nova Ether é um mundo
formado exatamente por plagas etéreas. E digo isso porque nesse típico mundo
você não vai encontrar as coisas da maneira tão palpável quanto costuma. Tudo
em Nova Ether parece concreto e maciço e pode ser tocado e sentido, mas pode
ser modificado e incorporar o incrível a qualquer momento.”
“O Assombro de poder ter condenado muitas vidas
inocentes voltou a lhe atormentar a mente. Mas pior do que isso era a
tormenta a que ele próprio se submetia. Em seu entendimento, havia falhado,
fora vencido pela ignorância e errara, dominado pelo poder de poder. Havia
chegado onde estava por sua competência m caçar bruxas e agora sofria pela
tormenta de descobrir que o homem tem bruxas dentro de si, muito mais
difíceis de serem caçadas, pois não se pode ordenar que as matem por ignorância.”
“Um sonhador não é capaz
apenas de dar vida a novos mundos. Ele é capaz de transformar o mundo em que
vive em um mundo melhor. E próximo do que ele sonha.”
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Conclusão:
Raphael Draccon escreveu uma obra prima. Não sei
ainda se a qualidade da continuação de Dragões de Éter será do mesmo calibre,
mas somente por esse livro o autor já merece todas as honras por ter
encontrado o equilíbrio entre o fantástico, a fábula, o medieval e o moderno
de forma a quase criar um novo gênero. E tudo isso com um toque brasileiro
que ao contrário do que possam dizer, não atrapalha, só torna tudo um pouco
mais saboroso.
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Autor: Raphael Draccon
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Livro: Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas
|
Editora: Leya
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Ano:
2010
|
Páginas: 440
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