Os Filhos do Imperador
Sinopse:
Marina, Danielle e Julius se conhecem na universidade e
se tornam amigos. Todos têm algo em comum: estão certos de que em muito pouco
tempo estarão fazendo algo extremamente importante para o mundo. Porém, quando
chegam perto dos 30, as coisas não estão do jeito que devem estar. Danielle
está se matando para produzir documentários para a televisão, Julius mal
consegue sobreviver como jornalista autônomo e Marina, a deslumbrante filha de
um famoso ativista social, Murray Thwaite, ainda vive com seus pais, sem
conseguir terminar o livro que está escrevendo sobre como as mudanças na moda
infantil refletem as mudanças sociais. Para piorar, duas pessoas chegam e
desestabilizam a amizade dos três: Ludovic, uma australiana ambiciosa que tenta
usar Marina para destruir a reputação de seu pai e entrar em seu fechado grupo
social, e Frederick Tubb, sobrinho de Murray, um rapaz imaturo e idealista que
largou a faculdade para viver como um intelectual nova-iorquino.
Tendo como pano de fundo a sociedade atemorizada após o
11 de setembro, Claire Messud faz, em Os filhos do imperador, um retrato
bem-humorado de toda uma geração com seu estilo direto e envolvente,
construindo uma magistral comédia de costumes.
Os Filhos do Imperador foi um livro difícil de ler. Narrando
a história de três amigos que se conheceram na faculdade de jornalismo, a
autora escreve uma narrativa cansativa e que parece não ter muito propósito.
São três pessoas que se consideram pequenos intelctuais que fazem parte da intelligentsia
americana, ou mais especificamente de Nova York.
Isso torna o livro um drama contemporâneo ambientado na
Nova York pré-atentados. Mas esse não é o problema maior do livro. A autora
abusa de referências bibliográficas para colorir sua narrativa o que cansa o
leitor que não tem como conhecer e nem deveria conhecer todos os livros que ela
julga ou julgava bons e indispensáveis. Além disso, apesar de obviamente se
tratar de uma história sobre os três jovens, o principal personagem e mais explorado
é o pai de um deles, o famoso a consagrado jornalista Murrey Thwaite.
O livro não é o pior que já li e nem mesmo posso afirmar
que é ruim. Mas não gostei de muitos aspectos do livro para deixar passar em
branco uma critica. A história, como disse antes, se baseia nos dramas de 3
jovens amigos que estão no momento da vida onde repensam suas atitudes e a
vontade de ser ou fazer algo importante toma conta. Cada qual com sua
dificuldade e seus desejos particulares, Marina, Danielle e Julius tentam viver
com glamour em NY e ao mesmo tempo buscam se tornarem famosos e importantes
entre os famosos e importantes da mídia e da ‘nata’ nova-yorquina.
Marina é filha de Murrey Thwaite e tem uma vida abastada
e tranquila, porém se sente atormentada pela sombra do sucesso do pai e vive na
tentativa de terminar seu livro que começou a escrever anos atrás e não sabe
mais se sequer acredita nos mesmos ideias.
Julius é um critico e repórter free lancer bem conhecido
em seu ramos mas que vive com dificuldades financeiras e em busca de um maior
reconhecimento além de um emprego fixo.
Danielle é a melhor amiga de Marina e a mais bem sucedida
do grupo. Produtora de uma rede de televisão tem estabilidade e liberdade em
seu trabalho mas vive frustrada por não conseguir fazer um programa que
realmente signifique algo, que mereça ser exibido na televisão, que tenha algum
significado.
Além dos três personagens que deveriam ser os principais
ainda temos a confusa, enigmática e forçada presença do sobrinho de Thwaite,
que foi um dos piores personagens que já encontrei em um livro, apesar de suas
ações servirem de gancho para o desenrolar da trama.
E o que isso tudo muda na história do livro? Nada! A
história parece querer mostrar a história de Thwaite que aos poucos vai
assumindo o papel de protagonista e dominando as principais passsagens e
dilemas do livro e no final acabamos sem entender direito o que a autora quis
mostrar ou passar aos seus leitores. Os personagens ficam meio perdidos, todo o
clímax do drama é destruído por um fator externo que nada tinha a ver com a
história e quando menos percebemos o livro termina. E tinha muita coisa que eu
queria respostas ou ver se desenvolver mas que ficaram perdidas e tiveram um
fim meio surreal e sem sentido.
O que gostei no livro foi a ideia. A sinopse dizia ser uma
critica ao meio de vida americano e achei que leria um livro cheio de sarcasmo e tiradas inteligentes, afinal ninguém melhor que os americanos para falar mal deles mesmos. Não vi isso no livro mas mesmo assim gostei da forma como a
autora deprecia a prepotência americana que pensa que ler alguns clássicos literários os
tornam grandes pensadores contemporâneos. Também gostei da construção do
personagem Murrey e. . . só! Não consigo pensar em mais um ponto positivo no
livro.
Agora o que não gostei! Exceto Murray e Danielle, os
outros personagens são infantilizados e fracos, são construídos de forma
aleatória e ruim. Parecem crianças em corpos de adultos, crianças muito mimadas
por sinal. Além disso todos os outros personagens são exagerados e incrivelmente
infantis e ridiculamente egoístas. Não sei se a ideia da autora era essa mas não
é possível perceber ironia no texto se era isso que ela pretendia.
E o final é um desastre a parte. A única explicação que
tenho é que a autora usou um fato histórico para terminar um livro do qual
perdeu o controle. Porque ninguém esperaria que as coisas ocorressem como
ocorreram e acho pouco provável que alguém realmente tenha achado interessante
esse final.
Trechinhos:
“As orelhas eram de abano, como se ultrajadas pela
traição mais recente, a sua língua saía de tempos em tempos para lamber os
lábios, num tique tão repetido quanto inconsciente.”
“Eu nunca pedi para minha filha se tornar escritora,
disse ele. Muito pelo contrário. Acho que, se você é capaz de fazer outra
coisa, faça. Porque é uma vida estimulante, mas incerta. Mas eu a fiz entender
que integridade é tudo, tudo o que temos. E, se você tem uma voz, um dom, é
moralmente obrigado a exercê-lo.”
“Porque, na real, você pensa que sabe o que é melhor para
ele. Ou pior. Você presume que o melhor para você seria o melhor para ele, que
serviria alguma fantasia, uma palavra sua de verdade objetiva, na qual você se
enquadra; quando na realidade, a vida dele e a sua estão tão separadas que a
mesma verdade simplesmente não se aplica.”
“Sério. É narcisismo amar um muro e ressentir-se por ele
não corresponder ao sentimento. É perverso. Amor mútuo, floresce com a
reciprocidade. Não se pode ter amor de verdade sem afeto em retorno. Do
contrário, é apenas obsessão e projeção. É infantil.”
Conclusão:
Eu não recomendaria esse livro. Foi escrito a um bom
tempo já e publicado no Brasil em 2008 e merece cair no esquecimento. Se gosta
de um desafio ou é um grande fã de dramas cotidianos talvez lhe agrade, mas
para o leitor generalista é quase certo que irá se desapontar.
Autora: Claire Messud
Livro: Os Filhos do Imperador (The Emperor’s Children).
Editora: Nova Fronteira (Vintage)
Ano: 2008 (2006)
Páginas: 478
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